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O karatê-do (caminho das mãos vazias) é muito mais do que um conjunto de técnicas de socos, chutes e bloqueios, pois introduz na vida dos praticantes uma filosofia obtida pela prática e convivência do dojô.

A parte técnica (golpes, bases e estratégicas de luta) possui uma padronização mundial, sendo possível se verificar que aquilo que é treinado no Japão é o mesmo que se treina no Brasil e em outros lugares do mundo.

No entanto a parte da filosofia do karatê sofre mudanças em cada dojô, de acordo com a vivência pessoal, crenças e costumes familiares dos senseis e alunos dos dojôs. 

Existem os lemas (dojô-kun e niju-kun) que apresentam uma linha mestre, mas vindos de uma cultura oriental e com a dificuldade de tradução não bastam para concretizar a padronização.

Em nosso dojô a filosofia que passamos aos alunos é de que o caminho do karatê deve ser percorrido por toda a vida, como uma busca de aprimoramento constante do praticante, tanto na técnica, quanto na compreensão corporal. Nesse aprimoramento o praticante compete não com os colegas de treino, mas sim consigo mesmo, buscando melhorar com o passar do tempo.

Cada indivíduo possui suas condições física (peso, altura, idade, capacidade motora, etc.) e intelectual individual e única, e não precisa comparar-se com os demais (ser melhor ou pior), mas sim, pode comparar-se consigo mesmo, para perceber se progrediu ou regrediu após um período de treino. Ou seja, o karatê embora seja treinado de forma coletiva, a progressão, ritmo e intensidade é individual de acordo com os objetivos, disponibilidade e demais condições de cada praticante.

A progressão das faixas, embora seja um costume e incentivo ao praticante, não é o objetivo fundamental, pois o treino leva a outros benefícios mais elevados do que a troca de faixa, dentre eles, manter o corpo saudável com boa força e elasticidade, melhorar o humor, a auto estima, a auto confiança, a concentração, dentre outros. 

A vivência no dojô propicia vínculos de amizade sinceros e duradouros, comparáveis até aos familiares. 

São esses benefícios, dentre outros que poderão ser percebidos pelos praticantes, que devem justificar a permanência no caminho do karatê.

As competições, embora possam ser um bom momento para testar aquilo que se treina no dia a dia, além de serem divertidas, são secundárias se compreendido que o que se busca é ultrapassar os próprios limites e não vencer os colegas/competidores.

A defesa pessoal é uma consequência do aprimoramento da atenção, respeito, habilidades físicas, atitudes assertivas e auto confiança, e não pela luta corporal fora do Dojô, que não é aceita num mundo civilizado que buscamos viver, e que só terá lugar quando for estritamente necessária, como última opção para defender a própria vida ou da família.

Por fim, para aprender karatê o fundamental é o treino e a persistência, quando algo ainda não foi aprendido ou necessita ser melhorado “é só treinar”!